O medo da separação

O ser humano necessita do outro para sobreviver, de alguém que lhe ofereça cuidado, proteção e afeto.
Na relação mãe-bebê existe um período simbiótico, no qual prevalece uma conexão profunda, de maneira que a diferenciação entre o eu e a mãe ainda não aconteceu.
Aos poucos, é esperado que vá acontecendo um processo de separação, individuação e integração. A separação do outro que nos cuida acontece em diferentes momentos do nosso desenvolvimento, a começar pelo nosso parto, com a necessidade da mãe se ausentar, com o início da vida escolar, com a saída de casa seja para estudar, se casar etc.
Separar-se daquilo que nos é familiar pode trazer dúvidas e medo. E, com a separação da família de origem, tendemos a criar a ilusão de que viver um grande amor poderá nos completar.
E, assim, na fase de enamoramento, a relação pode ser entorpecente, viciante, simbiótica. Porém, ao mesmo tempo que a vida amorosa demanda a união, ela provoca a separação em diferentes circunstâncias.
Mesmo estando juntos, precisamos existir separados um do outro, precisamos nos sustentar, nos “bancar” para que o vínculo amoroso seja o mais saudável possível.
Se não soubermos diferenciar e manejar esta relação eu-outro, podemos cair na armadilha de transferir para o(a) parceiro(a) padrões emocionais que construímos lá atrás e ocupar o papel de “mãe/pai”, ou demandar que o outro ocupe este papel.
Quando a individualidade for anulada ou apagada no relacionamento, existe a possibilidade de ele se tornar tóxico, abusivo. E então, vamos terceirizando ao outro a nossa felicidade: “Não sou feliz porque o outro me maltrata, me manipula, me rouba, me agride, me controla, sequestra o meu sonho…”
Por isso, vale a pena me questionar: o outro me soma ou eu tenho medo da separação e sinto que não tenho a opção de estar só?
Lembre-se ” Você pode se separar do outro, mas não pode se separar de você mesmo(a)! Por isso, você precisa se cuidar antes de cuidar do outro.