O passado que se faz presente

As experiências a nossa primeira infância nos ensinam como construir vínculos e afetam diretamente o nosso desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social .
Proteger e investir na infância é investir em uma sociedade mais humana e mais justa.
A gente não precisa apenas aprender a falar, a andar, a ler, a escrever, a estudar e a trabalhar. A gente necessita desenvolver habilidades para a vida: pensar antes de agir, interpretar uma situação, resolver um problema, planejar e realizar, ter um objetivo, focar a atenção, seguir regras, lidar com a frustração, controlar as emoções.
Episódios de abandono, negligência, abusos, bullying e perdas podem causar impactos significativos na vida emocional e afetar a maneira como cada um reage as situações vividas posteriormente. O sentimento de impotência, de menos valia e de sobrecarga que a crianca experimentou pode se repetir nas relações e nas escolhas da vida adulta seja no contexto social, conjugal ou profissional.
Por exemplo, alguém que cresceu em um ambiente escasso de recursos, ao mesmo tempo que pode amadurecer precocemente para assumir responsabilidades, pode se tornar refém do controle e da autocobrança; alguém que foi desencorajado a expressar sentimentos de raiva, pode reprimir o que sente para evitar confrontações, se submetendo a vontade alheia; alguém que não aprendeu a reconhecer limites e interdições pode transgredir regras sociais e não considerar as necessidades do outro; alguém que foi muito agredido e silenciado pode ter dificuldades em demonstrar afeto; alguém que sempre foi comparado pode ter dificuldades para identificar suas potencialidades e se posicionar etc etc .
Fantasias, desejos e defesas da infância continuam ressoando na vida adulta até que o sujeito tenha a coragem de olhar para tudo isso, compreender melhor seus padrões emocionais e reagir às situações de maneira mais consciente e saudável.